Mudanças entre as edições de "Conservação in vitro"

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#[[Conservação in vitro]] compreende a manutenção de amostras de germoplasma vegetal utilizando-se a técnica da cultura de tecidos in vitro, em condições controladas de temperatura, fotoperíodo e em meio de cultura que favoreça o crescimento lento dos propágulos. A manutenção de uma coleção in vitro é garantida pela adoção de um conjunto de medidas científicas, técnicas e operacioinais, a fim de evitar a deterioração das amostras por meio da transferência periódica dos propágulos vegetais para frascos contendo meio de cultura novo, em condições assépticas. A conservação in vitro é uma metodologia que permite a conservação a médio prazo de germoplasma vegetal.<ref>MATSUMOTO, K.; CARDOSO, L. D.; SANTOS, I. R. I.; Manual de Curadores de Germoplasma Vegetal; Caracterização in vitro; Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia; Brasília-DF, 2010. (Série Documentos Embrapa 318) ISSN 0102-0110</ref>. Ver ''[[Conservação]]''.
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#técnica que permite a conservação de germoplasma a curto, médio e longo prazos, aplicável a espécies de propagação vegetativa ou que produzem [[Semente | sementes recalcitrantes ou intermediárias]]. As temperaturas são diferenciadas para germoplasma de clima tropical (-20oC) e de clima Subtropcal e temperado (10-15oC). ''Vantagens:'' permite coleta em qualquer época do ano; elimina viroses; produz clones; multiplicação rápida; germina sementes imaturas; facilita o intercâmbio e a quarentena. ''Espécies testadas:'' mandioca, batata, cana-de-açúcar, banana, baunilha, cacau, fruteiras temperadas, raízes e tubérculos. ''Desvantagens:'' alto custo com mão de obra especializada e risco de variação somaclonal.<ref>Jardins Botânicos: Conservação de germoplasma; VEIGA, R. F. de A.; Disponível em [https://www.slideshare.net/RENATOFERRAZDEARRUDAVEIGA/banco-de-germoplasma-e-o-papel-dos-jb-para-a-pesquisa-e-conservacao1 SlideShare]; Acessado em 30/10/2020;</ref>
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Na Conservação in vitro são realizadas três atividades básicas:
 
Na Conservação in vitro são realizadas três atividades básicas:
  
Introdução/estabelecimento do material vegetal;
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#Monitoração/avaliação dos germoplasmas in vitro;
Monitoração/avaliação dos germoplasmas in vitro;
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#Subcultivo/repicagem dos germoplasmas in vitro;
 
 
Subcultivo/repicagem dos germoplasmas in vitro;
 
  
 
Fluxo das atividades: Os materiais coletados são introduzidos in vitro. Após estabelecimento são mantidos em câmara de conservação (10°C ou 20°C, depende da cultura). São realizadas monitorações periódicas para acompanhamento das condições de sobrevivência dos germoplasmas. Quando a monitoração indica condição de risco de morte das plantas,o material é subcultivado. Após subcultivo (repicagem), os germoplasmas são novamente colocados nas câmaras de conservação e o ciclo reinicia.
 
Fluxo das atividades: Os materiais coletados são introduzidos in vitro. Após estabelecimento são mantidos em câmara de conservação (10°C ou 20°C, depende da cultura). São realizadas monitorações periódicas para acompanhamento das condições de sobrevivência dos germoplasmas. Quando a monitoração indica condição de risco de morte das plantas,o material é subcultivado. Após subcultivo (repicagem), os germoplasmas são novamente colocados nas câmaras de conservação e o ciclo reinicia.
  
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==Estabelecimento/Introdução de germoplasmas in vitro==
  
'''Estabelecimento/Introdução de germoplasmas in vitro'''
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Os materiais a serem conservados podem chegar ao laboratório de cinco formas.
 
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#sementes
Os materiais a serem conservados podem chegar ao laboratório de 05 formas.
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#tubérculos
1- sementes
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#plantas
2-tubérculos
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#ramas
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#in vitro
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5- in vitro
 
  
 
Quando chegam em sementes e tubérculos, já são desinfestadas,quando em plantas, são retirados as gemas apicais e laterais(explantes), quando em ramas são plantadas em casa de vegetação, e depois retirados os brotos(explantes) para desinfestar e colocar em meio de cultura,são desinfestadas com álcool 70% mais hipoclorito de sódio a 2,5%, por vinte minutos, e lavadas, dentro da câmara de fluxo laminar, por 03  
 
Quando chegam em sementes e tubérculos, já são desinfestadas,quando em plantas, são retirados as gemas apicais e laterais(explantes), quando em ramas são plantadas em casa de vegetação, e depois retirados os brotos(explantes) para desinfestar e colocar em meio de cultura,são desinfestadas com álcool 70% mais hipoclorito de sódio a 2,5%, por vinte minutos, e lavadas, dentro da câmara de fluxo laminar, por 03  
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-Observação:
 
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==Monitoração dos acessos das coleção in vitro==
  
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A monitoração consiste na avaliação, de diferentes aspectos pré-determinados, realizada em cada acesso da espécie, conforme a lista a seguir
  
'''Monitoração dos acessos das coleção in vitro'''
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*N° de tubos totais (atualmente estamos padronizando 10 tubos/acesso, mas esse valor ainda não está bem definido);
 
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*N° de tubos contaminados por fungo;
A monitoração consiste na avaliação, de diferentes aspectos pré-determinados, realizada em cada acesso da espécie.
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*N° de tubos contaminados por bactérias;
Esses aspectos são:
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*N° de tubos com planta morta mas crescida;
 
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*N° de tubos com planta morta e não crescida;
N° de tubos totais (atualmente estamos padronizando 10 tubos/acesso, mas esse valor ainda não está bem definido);
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*N° de tubos com planta viva mas sem crescimento;
 
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*N° de tubos com planta com tamanho abaixo da metade do tubo;
N° de tubos contaminados por fungo;
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*N° de tubos com planta com tamanho acima da metade do tubo, mas que ainda não atingiu o topo;
 
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*N° de tubos com planta com tamanho maior que tubo, por já atingir o topo;
N° de tubos contaminados por bactérias;
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*N° de tubos com planta que apresenta brotação;
 
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*N° de tubos com planta que apresenta alguma gema viva, mas todas as folhas estão mortas/amarelas;
N° de tubos com planta morta mas crescida;
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*N° de tubos com planta que apresenta gemas laterais vivas, mas ápice morto;
 
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*N° de tubos com raiz ausente;
N° de tubos com planta morta e não crescida;
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*N° de tubos viáveis para próxima repicagem (planta apresenta alguma gema viva e nenhuma contaminação);
 
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*N° de tubos contaminados, mas que podem ser viáveis caso necessário;
N° de tubos com planta viva mas sem crescimento;
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*N° de tubos descartados;  
 
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*N° de tubos com planta que apresenta tubérculo (usado apenas na coleção de batata).
N° de tubos com planta com tamanho abaixo da metade do tubo;
 
 
 
N° de tubos com planta com tamanho acima da metade do tubo, mas que ainda não atingiu o topo;
 
 
 
N° de tubos com planta com tamanho maior que tubo, por já atingir o topo;
 
 
 
N° de tubos com planta que apresenta brotação;
 
 
 
N° de tubos com planta que apresenta alguma gema viva, mas todas as folhas estão mortas/amarelas;
 
 
 
N° de tubos com planta que apresenta gemas laterais vivas, mas ápice morto;
 
 
 
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N° de tubos viáveis para próxima repicagem (planta apresenta alguma gema viva e nenhuma contaminação);
 
 
 
N° de tubos contaminados, mas que podem ser viáveis caso necessário;
 
 
 
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N° de tubos com planta que apresenta tubérculo (usado apenas na coleção de batata).
 
  
 
Levando em consideração esses aspectos é definido a última coluna: Acesso necessita de repicagem: sim(1) e não(0).
 
Levando em consideração esses aspectos é definido a última coluna: Acesso necessita de repicagem: sim(1) e não(0).
Nesse momento também classifica a urgência em que deve ocorrer essa repicagem. Essa classificação é feita através da localização; os materiais com condição muito crítica são colocados em grades identificadas com legenda URGn° e repicados imediatamente; os materiais que já precisa de repicagem, mas não apresenta condição crítica, são colocados em grades identificadas com legenda Rn° e repicados após os urgentes; caso exista materiais que não serão repicados são colocados em grades identificadas com legenda Nn°.  
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Nesse momento também classifica a urgência em que deve ocorrer essa repicagem. Essa classificação é feita através da localização; os materiais com condição muito crítica são colocados em grades identificadas com legenda URGn° e repicados imediatamente; os materiais que já precisa de repicagem, mas não apresenta condição crítica, são colocados em grades identificadas com legenda Rn° e repicados após os urgentes; caso exista materiais que não serão repicados são colocados em grades identificadas com legenda Nn°. No fim da repicagem renumeramos todas as grades na ordem em que foi repicadas.
No fim da repicagem renumeramos todas as grades na ordem em que foi repicadas.
 
 
 
  
'''Subcultivo de germoplasmas in vitro'''
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==Subcultivo ou repicagem de germoplasma in vitro==
  
 
O subcultivo ou repicagem é a troca de meio da planta.Após a monitoração, se ficou definido que necessita de subcultivo, faz-se o meio daquela cultura e prepara a câmara de fluxo laminar para efetuar a repicagem.Faz-se a anotação  de todo o material em ficha adequada.  
 
O subcultivo ou repicagem é a troca de meio da planta.Após a monitoração, se ficou definido que necessita de subcultivo, faz-se o meio daquela cultura e prepara a câmara de fluxo laminar para efetuar a repicagem.Faz-se a anotação  de todo o material em ficha adequada.  
 
Onde é retirado a gema apical e colocado em um meio novo, fechando-o e identificando-o.Caso a planta não apresente gema apical, faz-se usando gemas laterais e brotações.Normalmente faz-se 10 tubos por acessos, exceto aquele que necessite multiplicação.
 
Onde é retirado a gema apical e colocado em um meio novo, fechando-o e identificando-o.Caso a planta não apresente gema apical, faz-se usando gemas laterais e brotações.Normalmente faz-se 10 tubos por acessos, exceto aquele que necessite multiplicação.
 
Depois de todos repicados são levados a câmara de conservação (20°c), ou a câmara de crescimento para que o material cresça mais rápido e mais forte.
 
Depois de todos repicados são levados a câmara de conservação (20°c), ou a câmara de crescimento para que o material cresça mais rápido e mais forte.
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==Referências==
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[[Categoria:Glossário]]

Edição atual tal como às 07h42min de 30 de outubro de 2020

  1. Conservação in vitro compreende a manutenção de amostras de germoplasma vegetal utilizando-se a técnica da cultura de tecidos in vitro, em condições controladas de temperatura, fotoperíodo e em meio de cultura que favoreça o crescimento lento dos propágulos. A manutenção de uma coleção in vitro é garantida pela adoção de um conjunto de medidas científicas, técnicas e operacioinais, a fim de evitar a deterioração das amostras por meio da transferência periódica dos propágulos vegetais para frascos contendo meio de cultura novo, em condições assépticas. A conservação in vitro é uma metodologia que permite a conservação a médio prazo de germoplasma vegetal.[1]. Ver Conservação.
  2. técnica que permite a conservação de germoplasma a curto, médio e longo prazos, aplicável a espécies de propagação vegetativa ou que produzem sementes recalcitrantes ou intermediárias. As temperaturas são diferenciadas para germoplasma de clima tropical (-20oC) e de clima Subtropcal e temperado (10-15oC). Vantagens: permite coleta em qualquer época do ano; elimina viroses; produz clones; multiplicação rápida; germina sementes imaturas; facilita o intercâmbio e a quarentena. Espécies testadas: mandioca, batata, cana-de-açúcar, banana, baunilha, cacau, fruteiras temperadas, raízes e tubérculos. Desvantagens: alto custo com mão de obra especializada e risco de variação somaclonal.[2]

Na Conservação in vitro são realizadas três atividades básicas:

  1. Introdução/estabelecimento do material vegetal;
  2. Monitoração/avaliação dos germoplasmas in vitro;
  3. Subcultivo/repicagem dos germoplasmas in vitro;

Fluxo das atividades: Os materiais coletados são introduzidos in vitro. Após estabelecimento são mantidos em câmara de conservação (10°C ou 20°C, depende da cultura). São realizadas monitorações periódicas para acompanhamento das condições de sobrevivência dos germoplasmas. Quando a monitoração indica condição de risco de morte das plantas,o material é subcultivado. Após subcultivo (repicagem), os germoplasmas são novamente colocados nas câmaras de conservação e o ciclo reinicia.

Estabelecimento/Introdução de germoplasmas in vitro

Os materiais a serem conservados podem chegar ao laboratório de cinco formas.

  1. sementes
  2. tubérculos
  3. plantas
  4. ramas
  5. in vitro

Quando chegam em sementes e tubérculos, já são desinfestadas,quando em plantas, são retirados as gemas apicais e laterais(explantes), quando em ramas são plantadas em casa de vegetação, e depois retirados os brotos(explantes) para desinfestar e colocar em meio de cultura,são desinfestadas com álcool 70% mais hipoclorito de sódio a 2,5%, por vinte minutos, e lavadas, dentro da câmara de fluxo laminar, por 03 vezes, em seguida feita a introdução em meio de cultura especifico. quando o material vem já in vitro, apenas são multiplicados e colocados em câmaras de crescimento 25°c. Existe uma planilha para este processo onde temos: Anotação para estabelecimento/introdução in vitro -Nome do técnico: - Data da introdução: -Espécie ou nome comum: -BRA -Tipo de material recebido: qual a forma do material recebido, se foi ramas, tubérculos, plantas,sementes ou in vitro. -Data da introdução no Cenargen: -Método de esterilização dos explantes: -Meio de cultura usado: - números de tubos feitos: -Localidade: câmara - temperatura: 25°c -Luminosidade: -Numero da grade: -Observação:

Monitoração dos acessos das coleção in vitro

A monitoração consiste na avaliação, de diferentes aspectos pré-determinados, realizada em cada acesso da espécie, conforme a lista a seguir

  • N° de tubos totais (atualmente estamos padronizando 10 tubos/acesso, mas esse valor ainda não está bem definido);
  • N° de tubos contaminados por fungo;
  • N° de tubos contaminados por bactérias;
  • N° de tubos com planta morta mas crescida;
  • N° de tubos com planta morta e não crescida;
  • N° de tubos com planta viva mas sem crescimento;
  • N° de tubos com planta com tamanho abaixo da metade do tubo;
  • N° de tubos com planta com tamanho acima da metade do tubo, mas que ainda não atingiu o topo;
  • N° de tubos com planta com tamanho maior que tubo, por já atingir o topo;
  • N° de tubos com planta que apresenta brotação;
  • N° de tubos com planta que apresenta alguma gema viva, mas todas as folhas estão mortas/amarelas;
  • N° de tubos com planta que apresenta gemas laterais vivas, mas ápice morto;
  • N° de tubos com raiz ausente;
  • N° de tubos viáveis para próxima repicagem (planta apresenta alguma gema viva e nenhuma contaminação);
  • N° de tubos contaminados, mas que podem ser viáveis caso necessário;
  • N° de tubos descartados;
  • N° de tubos com planta que apresenta tubérculo (usado apenas na coleção de batata).

Levando em consideração esses aspectos é definido a última coluna: Acesso necessita de repicagem: sim(1) e não(0). Nesse momento também classifica a urgência em que deve ocorrer essa repicagem. Essa classificação é feita através da localização; os materiais com condição muito crítica são colocados em grades identificadas com legenda URGn° e repicados imediatamente; os materiais que já precisa de repicagem, mas não apresenta condição crítica, são colocados em grades identificadas com legenda Rn° e repicados após os urgentes; caso exista materiais que não serão repicados são colocados em grades identificadas com legenda Nn°. No fim da repicagem renumeramos todas as grades na ordem em que foi repicadas.

Subcultivo ou repicagem de germoplasma in vitro

O subcultivo ou repicagem é a troca de meio da planta.Após a monitoração, se ficou definido que necessita de subcultivo, faz-se o meio daquela cultura e prepara a câmara de fluxo laminar para efetuar a repicagem.Faz-se a anotação de todo o material em ficha adequada. Onde é retirado a gema apical e colocado em um meio novo, fechando-o e identificando-o.Caso a planta não apresente gema apical, faz-se usando gemas laterais e brotações.Normalmente faz-se 10 tubos por acessos, exceto aquele que necessite multiplicação. Depois de todos repicados são levados a câmara de conservação (20°c), ou a câmara de crescimento para que o material cresça mais rápido e mais forte.

Referências

  1. MATSUMOTO, K.; CARDOSO, L. D.; SANTOS, I. R. I.; Manual de Curadores de Germoplasma Vegetal; Caracterização in vitro; Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia; Brasília-DF, 2010. (Série Documentos Embrapa 318) ISSN 0102-0110
  2. Jardins Botânicos: Conservação de germoplasma; VEIGA, R. F. de A.; Disponível em SlideShare; Acessado em 30/10/2020;