Núcleo de Conservação da Raça Curraleiro Pé Duro

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Breve histórico da raça no Brasil

  1. O Curraleiro Pé-Duro foi uma das primeiras raças formadas no continente americano após o aporte de taurinos originários de Portugal a partir de 1534 no Brasil. Foi forjada no semiárido nordestino com aguadas escassas e distantes, pastagens grosseiras, temperaturas tórridas e ataques de parasitas e predadores (onças).
  2. Sob a pressão da seleção natural, apenas animais com genótipos privilegiados conseguiram sobreviver, produzir e deixar descendentes. Assim, a raça se formou tendo como base a resistência e a adaptação a ambientes, nos quais bovinos exóticos dificilmente sobreviveriam. Essa é uma das qualidades inegáveis da raça, que sobrevive como nenhuma outra à inclemência do clima, da seca, dos pastos pobres e que é ideal para ser produzida em solos que não se prestam a plantios agrícolas. O bovino Curraleiro Pé-Duro responde bem aos bons tratos e é muito produtivo em explorações com baixo aporte de insumos (inputs).
  3. De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Curraleiro Pé-Duro (ABCPD) e a Embrapa Meio-Norte (Teresina, PI), os animais dessa raça são longevos sendo comum as vacas produzirem anualmente por mais de 20 anos. A raça possui várias aptidões, podendo ser usada para produção de carne, leite e trabalho. Resultados de pesquisas realizadas na Embrapa mostraram uma carne de excelente qualidade, macia, suculenta e saborosa. Também apresentou melhor rendimento de carcaça, maior área de olho-de-lombo e maior proporção de carne de melhor qualidade (1ª) na carcaça, quando comparada com zebuínos (CARVALHO, 2015).
  4. Foi comprovada ainda a resistência a algumas plantas tóxicas, como o cafezinho ou erva-derato, em experimento realizado na Universidade Federal de Goiás (UFG), na qual todos os bovinos da raça Nelore vieram a óbito (FIORAVANTE, et al 2015).

Características

  1. O Curraleiro Pé-Duro (CPD) é um taurino (Bos taurus taurus) tropicalmente adaptado, de pequeno a médio porte, dócil e que pode ser selecionado tanto para leite quanto para carne. Quando criados em pastagens nativas, as fêmeas adultas pesam entre 250 e 300 kg e os machos adultos, entre 360 e 420 kg. É uma raça recomendada para cruzamentos com raças comerciais para explorações em regiões de clima quente e pastagens naturais nos trópicos, resultando em mestiços com maior adaptabilidade, propiciando um ganho de peso em condições mais extremas. Além disso, apresenta boa carcaça, rendimento e carne macia.
  2. A Embrapa investe atualmente em pesquisas com rebanhos privados para avaliação, seleção, propagação e uso de novos genótipos rentáveis para o agronegócio brasileiro. Estão sendo desenvolvidos também estudos em diversos sistemas de criação e terminação: a pasto nativo, ILPF (integração lavoura-pecuária- floresta), ILP (integração lavoura-pecuária), IPF (integração pecuária-floresta), pastagens melhoradas, pastagens irrigadas e em confinamento.
  3. As características a serem melhoradas e fixadas serão:
    1. Precocidade no ganho de peso e no acabamento da carcaça;
    2. Rendimento de carcaça;
    3. Qualidade da carne;
    4. Adaptabilidade aos trópicos quentes;
    5. Resistência ou resiliência a doenças e ectoparasitas.
  4. Os melhores exemplares serão selecionados para constituírem a próxima geração e a formação de uma raça tropicalmente adaptada para o Brasil e para todo o cinturão tropical do planeta.
  5. No Brasil, dos animais remanescentes da Raça Curraleiro Pé Duro, estimado em duas mil cabeças, encontram-se principalmente no estado do Piauí e o restante no Maranhão, Goiás, Tocantins, Distrito Federal e outros.[1]
    1. Inventário de Recursos Genéticos Animais da Embrapa