DOI-FAO

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DOI-FAO é um padrão de Identificadores Digitais de Objetos (da sigla em inglês, DOI - Digital Object Identifiers) adotados pelos países participantes do Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e Agricultura, o TIRFAA (em inglês The International Treaty on Plant Genetic Resources for Food and Agriculture, ITPGRFA) [1].

Introdução

O DOI-FAO tem por objetivo permitir a identificação e documentação de germoplasma vegetal de maneira exclusiva e permanente, além de simplificar a interoperabilidade de dados entre os diferentes sistemas que fazem o intercâmbio de informações. Atualmente, milhões de acessos de espécies vegetais são conservados em coleções e bancos de germoplasma; muitos deles são duplicados com valiosas informações que podem ser perdidas quando o material é transferido de um titular para outro. Além disso, diferentes comunidades de usuários, como produtores de plantas, Curadores, Pesquisadores e extensionistas, geralmente, seguem métodos diferentes para identificar os materiais de sua coleção, além de usar diversos modos para documentar e organizar o acervo, de acordo com suas necessidades e recursos. A falta de padronização impediu a toda essa comunidade, que atua com recursos genéticos de plantas para a alimentação e a agricultura, de compartilhar dados e informações de diversas partes do mundo. Durante anos, a questão do identificador único tem sido um dos principais desafios para a efetiva conservação e uso sustentável de recursos genéticos.

O módulo de registro do DOI-FAO foi lançado no Portal GLIS em outubro de 2017 em Kigali, Ruanda, em uma das Sessões do PGRFA. Até o fim do ano de 2017, mais de meio milhão de materiais haviam sido registrados no sistema e seus passaportes disponibilizados mundialmente em padrão de formato único.

Diretrizes para o uso ideal do padrão DOI-FAO como identificadores exclusivos e permanentes de Recursos Genéticos Vegetais para Alimentação e Agricultura podem ser obtidas na página do sistema GLIS, Sistema Global de Informações do Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e Agricultura (TIRFAA). O GLIS fornece uma base informatizada e padronizada para recursos genéticos vegetais para informações sobre alimentação e agricultura para todos os países, em todas as regiões do mundo. O objetivo do sistema é simplificar o acesso a informações sobre sementes e outros materiais de pesquisa e melhoramento de plantas. O portal GLIS também é responsável pelo desenvolvimento e promoção do uso do DOI-FAO como padrão internacional adaptado para identificar germoplasma de plantas, em todo o mundo, promovendo treinamentos e a divulgação da documentação necessária a sua obtenção.

Termos de uso de DOIs

O código de identificação DOI-FAO (Digital Object Identifiers) são fornecidos pelo Portal GLIS aos usuários registrados do Easy-SMTA [2]. Os DOIs são o padrão adotado para identificar de maneira exclusiva e permanente os recursos genéticos vegetais para a alimentação e agricultura no GLIS, Sistema Global de Informações do Tratado Internacional de Recursos Genéticos Vegetais para Alimentação e a Agricultura (TIRFAA).

Além dos termos de uso do Portal GLIS[3], o registro de DOIs implica na aceitação dos seguintes termos de uso:

  1. Sem propriedade - a FAO não reivindica A propriedade para os DOIs adquiridos por meio do uso do sistema DOI e para os conteúdo de informação fonecidos pelo usuário, bem como os itens individuais de metadados, incluindo os descritores associados aos destinos do DOI. A FAO mantém os dados do nome DOI ou quaisquer metadados associados apenas com a finalidade de permitir a pesquisa de um nome DOI para os metadados declarados (resolução) e vice-versa (descoberta). Itens individuais de metadados e DOIs associados podem ser incorporados ao conteúdo e sistemas do usuário.
  2. Sem responsabilidade - a FAO não assume nenhuma responsabilidade pelo conteúdo dos alvos do DOI (por exemplo, links para sítios web e bancos de dados externos). O provedor de informações acessíveis através do alvo DOI será responsável pelo conteúdo e precisão das informações fornecidas.
  3. Estatísticas de uso e análise de desempenho - A FAO pode desenvolver e publicar estatísticas e informações de uso quanto à atividade agregada do sistema DOI. A FAO pode executar análise e otimização do desempenho do sistema.

Que tipo de acesso pode ser identificado com o número DOI

O código DOI pode ser usado ​​para identificar acessos detidos por qualquer indivíduo ou organização(5), incluindo bancos de germoplasma, Curadores ou Melhoristas de plantas, geneticistas, e outros pesquisadores de plantas, extensionistas, empresas de sementes, plantas escritórios de proteção de variedade, jardineiros, fazendeiros, proprietários de terras e terras gerentes.(6)

A critério do titular, dentro das diretrizes estabelecidas pelo sistema DOI-FAO, o material identificado pode ser qualquer entidade reconhecida como seu titular. Pode ser também reconhecido como:

  • amostra única de DNA extraída de planta;
  • semente única;
  • amostra de planta ou plântula;
  • lote de sementes contido em pacote único;
  • conjunto de mudas em tubo de cultura de tecidos;
  • lote de sementes inteiro;

O material identificado pode ser reconhecido também como:

  • conjunto de material clonal colhido de uma parcela ou campo ou mesmo de várias gerações;
  • híbrido F1;
  • população segregante, uma linha pura selecionada de uma mistura ou de uma população segregante;
  • mistura de linhagens puras ou qualquer outro entidade geneticamente homogênea ou heterogênea.
  • raça tradicional ou outra variedade geneticamente heterogênea;
  • cultivar moderna liberada;
  • acesso de coleção ou banco de germoplasma.

Destaca-se ainda a possibilidade de o material pertencer a um acervo de coleção ou banco de germoplasma, conservado formalmente, ou ter existência transitória. Ao ser identificado, é essencial incluir no DOI informações sobre o natureza ou categoria do material. O aspecto principal de uma categorização é o evento do mundo real que resultou na seleção do material para tornar-se uma ente administrado pelo titular, como:

  • a cobrança de uma amostra em condições in situ;
  • a adesão de uma amostra a uma coleção ou banco de germoplasma;
  • a criação (colheita de sementes) de amostra geneticamente distinta por cruzamento;
  • o registro de cultivar em um país; ou
  • a primeira documentação da presença do PGRFA em habitat natural.

Este evento é conhecido nos metadados DOI como o método de aquisição ou de criação do PGRFA, um dos poucos descritores obrigatórios.

Destaca-se ainda que o DOI identifica o próprio material, não os seus dados associados. Dados e informações do material são vinculados ao respectivo DOI. Em caso de mudança ou incremento de dados e informações do material, o titular deve corrigir os dados sem mudar o DOI. A possibilidade de fazer o gerenciamento de materiais em forma de germoplasma em sistemas especializados pode simplificar a atualização das informações vinculadas ao DOI. O Sistema AleloVegetal, por exemplo, está implementando interface exclusiva para a criação do DOI-FAO, a partir do sistema GLIS, com objetivo de fazer o compartilhamento das informações de forma sistematizada, sem a necessidade de operações adicionais por parte do titular do material. As informações atualizadas no AleloVegetal serão automaticamente atualizadas no GLIS, gerenciador do DOI-FAO.

Como o material é identificado a partir do DOI

O Sistema GLIS, responsável pela criação do DOI, não se destina a substituir os sistemas de informação existentes, e portanto, não substitui os sistemas existentes de identificação de PGRFA. Os identificadores existentes continuarão a ser usados. Em uma publicação, a primeira referência ao material incluiria o seu DOI e o identificador local normalmente usado pelo titular. As referências subsequentes dentro de uma única publicação podem especificar apenas o identificador local. No entanto, quando os materiais em forma de germoplasma são transferidos entre as organizações, identificadores atribuídos localmente têm sido insuficientes para identificar com exclusividade cada material. Um identificador globalmente único e persistente, como um DOI é preferível para manter a consistência ao longo do tempo, fornecer reconhecimento de direitos e obrigações, e facilitar o acesso à pesquisa, bem como aos resultados que tenham recebido contribuições por destinatários subsequentes desse mesmo material.

O DOI atribuído deve ser usado para identificar o material publicamente, especialmente em mídia eletrônica, para que possam ser objeto de pesquisa online.

6. O compromisso do titular do PGRFA

Um titular de PGRFA que obtém um DOI para uma amostra de seu acervo de plantas deve assumir o compromisso de associar esse DOI permanentemente ao material, e não usar o mesmo DOI para qualquer outro material.

A obtenção de um DOI não exige ou implica qualquer compromisso por parte o titular na manutenção do material vivo ou disponível, e não altera outro tipo de compromisso anterior do titular. Se o houver perda do material por qualquer motivo, o DOI persiste como registro histórico daquele material, não devendo ser utilizado para outro objeto. Desta forma, as informações do material do período em que estava disponível ainda podem ser acessadas a partir do respectivo DOI.

A obtenção de um DOI não exige nem implica qualquer compromisso por parte do titular para disponibilizar o material ou dados associados a terceiros, e não altera compromisso anteriores que o titular possa ter assumido sobre o material ou das informações a ele associadas.

7. Relacionamento com sistemas existentes

Muitos titulares de acervos de conservação de materiais e de plantas têm alguma forma de gerenciamento de estoque, sistema e/ou controle de fluxo de trabalho, com previsão de requisitos de qualidade, rastreamento, coleta e gerenciamento de dados e informações. Para coleções e bancos de germoplasma, é importante a documentação da inclusão de materiais e suas origens, de modo a manter registros de viabilidade, saúde, integridade genética e quantidade de sementes ou clones. Muitos materiais recebem acompanhando ao longo do processo de conservação, bem como do progresso de seu desenvolvimento, por meio de testes de viabilidade, análise de caracterização e avaliação, acompanhamento da evolução de estoques, entre outros. O Sistema AleloVegetal e o GRIN-Global são exemplos de sistemas dedicados ao gerenciamento das atividades de conservação e manejo de recursos genéticos de plantas.

A atividade de melhoramento vegetal requer constante identificação e acompanhamento do progresso de materiais objeto de análise, por meio de cruzamento, seleção, multiplicação, avaliação, liberação para troca e compartilhamento de acervos. Para a indústria de sementes, envolve acompanhar o progresso por meio de manutenção de sementes, desde materiais para atividades de melhoramento, até sementes vendidas a agricultores, com verificação de identidade genética. Alguns sistemas abrigam dados e informações importantes sobre recursos genéticos de plantas para a alimentação e agricultura e normalmente são utilizados como fontes principais de dados para o GLIS.

Além disso, algumas comunidades desenvolveram portais para expor dados sobre o material que possuem e permitir que usuários pesquisem as informações do seu acervo. Normalmente, são repositórios de dados ou fontes de dados secundárias, colecionadas e disponibilizadas responsáveis por acervos de plantas de coleções e bancos de germoplasma, de suas fontes primárias. O portal Genesys (www.genesys-pgr.org), por exemplo, permite ao público procurar acessos disponíveis em bancos de germoplasma de todo o mundo, do acervo de países signatários do TIRFAA. Outro é o World Information and Early Warning da FAO; e o Sistema de Recursos Genéticos Vegetais para Alimentos e Agricultura (WIEWS: http://www.fao.org/wiews).

O GLIS não foi projetado para substituir nenhum desses sistemas e, portanto, não duplica sua funcionalidade. Coleções e bancos de germoplasma, criadores e outros titulares ou responsáveis podem adquirir o DOI por meio de iniciativas de capacitação para uso do sistema.

A fim de ligar os sistemas existentes, o GLIS precisa manter uma base de dados central como repositório dos dados necessários para identificar os registros correspondentes em cada sistema correspondente, na qual são armazenados os descritores obrigatórios (titular, local identificador, nome científico ou nome comum, método de obtenção, data). Os dados e informações do material devem ser carregados pelo detentor ou responsável pela fonte de dados primária.

O sistema DOI não faz suposições sobre a natureza do sistema de documentação do responsável pelo material. Ele assume apenas que o titular pode identificar o seu material com precisão suficiente e permanência para cumprir os compromissos do titular, conforme os objetivos propostos pelo DOI, elencados anteriormente.

Referências

  1. Alercia, A., López, F.M., Sackville Hamilton, N.R. and Marsella, M., 2018. Digital Object Identifiers for food crops - Descriptors and guidelines of the Global Information System. Rome, FAO.
  2. Global Information System (GLIS) of the International Treaty on Plant Genetic Resources for Food and Agriculture (ITPGRFA); Terms of use; Font: https://ssl.fao.org/glis/; acessado em 6/8/2020;
  3. Global Information System (GLIS) of the International Treaty on Plant Genetic Resources for Food and Agriculture (ITPGRFA): Font: https://ssl.fao.org/glis/; acessado em 6/8/2020;