Banco Genético da Embrapa

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Sigla (BGE), ou Banco Genético (BGen): estrutura de conservação, situada na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que mantém conservadas em médio e longo prazos cópias de segurança (backups) de coleções de base de germoplasma animal, vegetal ou coleções de microrganismos da Embrapa e de instituições parceiras. O germoplasma vegetal é conservado na forma de sementes, em câmaras frias, ou na forma de estruturas reprodutivas ou vegetativas por cultura de tecidos ou criopreservação. O germoplasma animal é conservado na forma de amostras de gametas e embriões. As linhagens de microrganismos são conservadas na forma liofilizada, ultracongelada ou outro método adequado para a espécie. O Banco Genético da Embrapa mantém ainda amostras de DNA extraídas de germoplasma animal, vegetal e de microrganismos e amostras de tecido animal. [1]

O objetivo do Banco Genético da Embrapa é fazer a conservação de médio e longo prazo de recursos genéticos vegetal, animal e de microbianos na forma de cópia de segurança (backup) de coleções e bancos ativos de germoplasma vegetal, núcleos de Conservação de animais e de coleções biológicas de microrganismos.

Critérios previstos nas atividades de conservação do BGE [2]

  • a) realizar a conservação do acervo nas condições técnicas recomendadas, monitorando sua viabilidade, quando aplicável;
  • b) inserir e manter atualizadas as informações das coleções na Plataforma Alelo;
  • c) atender às demandas por depósito de material biológico de organizações e instituições nacionais e internacionais, mediante assinatura de convênio ou parceria;
  • d) na Coleção de Base de Germoplasma-semente, o germoplasma deve ser conservado na forma de sementes, a -18 ºC, como cópia de segurança dos bancos do SCG;
  • e) na Coleção in vitro, o germoplasma deve ser conservado na forma de estruturas reprodutivas ou vegetativas, por métodos de cultura de tecidos (in vitro) utilizando técnicas de crescimento lento;
  • f) no Banco Criogênico Vegetal, o germoplasma deve ser conservado na forma de estruturas vegetativas (ápices caulinares, gemas laterais e meristemas) e reprodutivas (embriões zigóticos e sementes) em criotanques, em temperatura de -196 °C;
  • g) no Banco de Germoplasma Animal, o germoplasma animal deve ser conservado na forma de gametas, embriões e/ou células somáticas em criotanques, em temperatura de -196 °C;
  • h) no Banco de Microrganismos da Embrapa, o germoplasma deve ser conservado, como cópia de segurança das coleções do SCG, utilizando a melhor forma de conservação em longo prazo estabelecida para cada espécie;
  • i) nas Coleções de Referência de DNA e Tecidos Animal e Vegetal, o DNA deve ser conservado em freezer a -80 °C enquanto os tecidos podem ser preservados em baixas temperaturas (de -4 a -80 °C) ou mantidos em temperatura ambiente.

Histórico

No ano de 1977, o Centro Nacional de Recursos Genéticos (Cenargen), atual Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, construiu sua primeira câmara de conservação de germoplasma semente com capacidade para armazenar 7 mil amostras, conservadas a 10°C de temperatura em suas câmarras, com umidade relativa de 25% (Silva et al., 2007).[3]

Em 1979, pesquisadores do Cenargen constataram que a estrutura não apresentava as condições necessárias para a conservação de germoplasma semente em longo prazo. Técnicos do Cenargen visitaram importantes coleções em outros países para propor estratégias de implantação de um sistema de conservação no Brasil (Silva et al., 2007). Como resultado, em 1981, foi construído o Prédio da Conservação de Germoplasma (PCG), do qual faziam parte laboratórios, salas de técnicos e pesquisadores e as câmaras frias para conservação de sementes. As atividades de coleta, bem como a introdução e o intercâmbio de germoplasma foram intensificadas. Da mesma forma, houve investimento na qualificação de pessoal e no estabelecimento de convênios e parceria com instituições internacionais (Silva et al., 2007).

Nessa época as sementes dessecadas, com grau de umidade entre 3 e 7%, eram armazenadas em latas de alumínio. Com o aumento substancial do número de amostras conservadas, em 1992, procedeu-se a ampliação da capacidade de armazenamento. Foram instaladas cinco câmaras frias que operavam a -20°C. As sementes, anteriormente armazenadas em latas, passaram a ser conservadas em envelopes aluminizados trifoliados.

No ano de 2009, a Embrapa decidiu implementar melhorias na área de conservação de recursos genéticos. Um novo prédio para conservação de germoplasma animal, microbiano e vegetal foi projetado. Este conjunto de coleções passou a denominar-se Banco Genético. A concepção da nova estrutura propõe reunir, em uma única edificação, infraestrutura completa de conservação. Assim, o Banco Genético da Embrapa é dotado de câmaras frias operando a -20°C, câmaras de secagem de sementes (15% UR; 20°C e 30% UR e 10°C), câmaras de temperatura controlada para conservação in vitro (10, 20 e 25°C), tanques de nitrogênio líquido para conservação de estruturas vegetais, tecidos e células animais e micro-organismos. O Banco Genético foi inaugurado em abril de 2014 durante as comemorações do 41° aniversário da Embrapa.

Banco Genético Microbiano

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia investe na conservação de estirpes nativas de microrganismos, que podem ser utilizadas pela comunidade científica em diversos programas de pesquisa, envolvendo desde o diagnóstico, o tratamento de doenças e a produção de vacinas para aplicação humana e animal até a redução do impacto ambiental de processos produtivos e a geração de energia renovável. Nessa perspectiva, as culturas microbianas estão sendo continuamente estudadas para a formação de uma base de dados de «ativos» componentes e suas respectivas atividades biológicas, de modo a transformar esse acervo microbiano em recursos mais explorados. Por exemplo, o uso de fixadores de nitrogênio, inseticidas, fungicidas e herbicidas biológicos, biorremediadores e promotores de crescimento de plantas produzidos por microrganismos são ferramentas que podem atender às demandas por maiores rendimentos das culturas agrícolas, ao mesmo tempo, reduzindo a liberação de produtos químicos no ambiente. A conservação adequada desses microrganismos é o que irá garantir esse material genético para estudos de aplicação no agronegócio e setores produtivos relacionados. As coleções de microrganismos mantêm espécies com potencial para o controle biológico de pragas, doenças e insetos vetores de doenças; multifuncionais; fitopatogênicos capazes de causar doenças em diferentes culturas de importância econômica e que, por isso, podem ser usados em programas de melhoramento genético de plantas para seleção de variedades resistentes; e de interesse para a agroindústria e produção animal.

Referências

  1. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Organização e funcionamento do Sistema de curadorias de germoplasma; Manual de normas da Embrapa No. 037.008.002.001, BCA No. 2 de 02/01/2018. Brasília-DF 2018.
  2. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Manual de Normas da Embrapa No. 037.008.002.001; Organização e funcionamento do Sistema de Curadorias de Germoplasma; BCA No. 5 de 23/01/2023; Brasília-DF, 19 páginas.
  3. Banco genético da embrapa e o seu papel de conservação da diversidade; Revista RG News 2 (1) 2016; Disponível em Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos (SBRG); Acessado em 5/11/2020.